Magazine Luiza e Casas Bahia avançam em lojas físicas: tendência ou movimento passageiro?

Magazine Luiza e Casas Bahia avançam em lojas físicas: tendência ou movimento passageiro?

Setor está se adaptando para oferecer uma jornada de compra mais fluida e conveniente ao consumidor

As grandes varejistas listadas em bolsa divulgaram seus resultados financeiros do quarto trimestre de 2024 (4T24), e um dado chamou atenção: o forte crescimento das lojas físicas. Mesmo com o avanço do comércio eletrônico, redes como Casas Bahia e Magazine Luiza registraram aumento expressivo nas vendas presenciais, enquanto a Netshoes, tradicionalmente digital, inaugurou sua primeira unidade física.
Para Marcelo Cherto, presidente da Cherto Consultoria e membro fundador da Associação Brasileira de Franchising (ABF), esse movimento reflete uma transformação profunda no varejo. “O digital não substitui o físico e vice-versa. O que está acontecendo é uma integração cada vez maior entre os canais, criando uma experiência de compra mais conectada e fluida para o consumidor”, explica. O fenômeno, segundo ele, não se trata de uma reversão da digitalização do varejo, mas sim de uma evolução na forma como as empresas se relacionam com o público.
O Grupo Casas Bahia (BHIA3) registrou um crescimento de 16,1% no GMV das lojas físicas, com aumento de 17,1% nas vendas nas mesmas lojas. No Magazine Luiza (MGLU3), as vendas presenciais atingiram R$ 19 bilhões em 2024, um avanço de 10% em relação a 2023, sendo 12% de crescimento nas mesmas lojas. Além disso, a varejista anunciou a abertura de uma loja conceito, reforçando o investimento na experiência física do consumidor. Já a Netshoes, após 18 anos operando exclusivamente no digital, inaugurou sua primeira loja outlet em São Paulo, parte da estratégia omnicanal do Magazine Luiza.
O que impulsiona esse crescimento? Segundo Cherto, a experiência diferenciada da compra presencial continua sendo um grande diferencial. “As lojas físicas permitem um contato direto do consumidor com os produtos, gerando maior confiança na compra, especialmente em categorias como eletrodomésticos, móveis, eletrônicos, calçados e roupas”, afirma. Além disso, ele destaca que o atendimento humanizado segue sendo um fator decisivo. “Muitos consumidores ainda valorizam o atendimento cara a cara, olho no olho, feito por um ser humano e não por um robô. Isso faz diferença na decisão de compra.”
Outro fator que explica a expansão das lojas físicas é a necessidade do varejo de se adaptar à omnicanalidade. Modelos como ‘Clique e Retire’, em que o cliente compra online e retira na loja, e o uso das unidades como hubs logísticos para agilizar entregas vêm se tornando essenciais para a eficiência operacional das redes. “Cada vez que o cliente entra numa loja para retirar ou trocar um produto comprado online, um bom vendedor tem a chance de realizar uma venda adicional”, explica Cherto.

Desafios

Apesar do avanço, desafios persistem. Os custos operacionais elevados, como aluguel e folha de pagamento, continuam sendo um obstáculo, assim como a concorrência com o digital, que pressiona preços e exige diferenciação. Outro ponto crítico é a mão de obra qualificada. “Não está nada fácil contratar, capacitar e reter bons vendedores. A qualidade da mão de obra vem caindo drasticamente devido a políticas educacionais equivocadas adotadas nas últimas décadas”, analisa Cherto.
Além disso, o comportamento do consumidor está em constante mudança, e as lojas físicas precisam se reinventar para continuar atraentes. “Especialmente os mais jovens, que já estão mais habituados ao digital, precisam de bons motivos para visitar uma loja. O varejo precisa transformar essa experiência em algo agradável, e não em uma obrigação”, aponta.
A decisão da Netshoes de abrir lojas físicas reforça essa tendência de hibridização do consumo. “A presença física gera mais credibilidade para clientes que ainda têm receio de compras online ou simplesmente preferem ver e tocar os produtos antes de comprar”, diz Cherto. O modelo outlet, escolhido pela empresa, também permite o escoamento de estoques com menor giro, reduzindo a necessidade de grandes promoções no digital.
Com grandes redes apostando na expansão das lojas físicas e em sua integração com o digital, o varejo segue evoluindo para atender a um consumidor cada vez mais exigente e conectado. A tendência, segundo especialistas, não é uma volta ao passado, mas sim uma adaptação do setor para oferecer conveniência e experiência em todos os canais de compra.

Mirian Gasparin

Mirian Gasparin, natural de Curitiba, é formada em Comunicação Social com habilitação em Jornalismo pela Universidade Federal do Paraná e pós-graduada em Finanças Corporativas pela Universidade Federal do Paraná. Profissional com experiência de 50 anos na área de jornalismo, sendo 48 somente na área econômica, com trabalhos pela Rádio Cultura de Curitiba, Jornal Indústria & Comércio e Jornal Gazeta do Povo. Também foi assessora de imprensa das Secretarias de Estado da Fazenda, da Indústria, Comércio e Desenvolvimento Econômico e da Comunicação Social. Desde abril de 2006 é colunista de Negócios da Rádio BandNews Curitiba e escreveu para a revista Soluções do Sebrae/PR. Também é professora titular nos cursos de Jornalismo e Ciências Contábeis da Universidade Tuiuti do Paraná. Ministra cursos para empresários e executivos de empresas paranaenses, de São Paulo e Rio de Janeiro sobre Comunicação e Língua Portuguesa e faz palestras sobre Investimentos. Em julho de 2007 veio um novo desafio profissional, com o blog de Economia no Portal Jornale. Em abril de 2013 passou a ter um blog de Economia no portal Jornal e Notícias. E a partir de maio de 2014, quando completou 40 anos de jornalismo, lançou seu blog independente. Nestes 16 anos de blog, mais de 35 mil matérias foram postadas. Ao longo de sua carreira recebeu 20 prêmios, com destaque para o VII Prêmio Fecomércio de Jornalismo (1º e 3º lugar na categoria webjornalismo em 2023); Prêmio Fecomércio de Jornalismo (1º lugar Internet em 2017 e 2016);Prêmio Sistema Fiep de Jornalismo (1º lugar Internet – 2014 e 3º lugar Internet – 2015); Melhor Jornalista de Economia do Paraná concedido pelo Conselho Regional de Economia do Paraná (agosto de 2010); Prêmio Associação Comercial do Paraná de Jornalismo de Economia (outubro de 2010), Destaque do Jornalismo Econômico do Paraná -Shopping Novo Batel (março de 2011). Em dezembro de 2009 ganhou o prêmio Destaque em Radiodifusão nos Melhores do Ano do jornal Diário Popular. Demais prêmios: Prêmio Ceag de Jornalismo, Centro de Apoio à Pequena e Média Empresa do Paraná, atual Sebrae (1987), Prêmio Cidade de Curitiba na categoria Jornalismo Econômico da Câmara Municipal de Curitiba (1990), Prêmio Qualidade Paraná, da International, Exporters Services (1991), Prêmio Abril de Jornalismo, Editora Abril (1992), Prêmio destaque de Jornalismo Econômico, Fiat Allis (1993), Prêmio Mercosul e o Paraná, Federação das Indústrias do Estado do Paraná (1995), As mulheres pioneiras no jornalismo do Paraná, Conselho Estadual da Mulher do Paraná (1996), Mulher de Destaque, Câmara Municipal de Curitiba (1999), Reconhecimento profissional, Sindicato dos Engenheiros do Estado do Paraná (2005), Reconhecimento profissional, Rotary Club de Curitiba Gralha Azul (2005). Faz parte da publicação “Jornalistas Brasileiros – Quem é quem no Jornalismo de Economia”, livro organizado por Eduardo Ribeiro e Engel Paschoal que traz os maiores nomes do Jornalismo Econômico brasileiro.

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