Bolsas americanas fecham em queda, enquanto ouro bate novo recorde

Mercado reage ao aumento das incertezas relacionadas às políticas do governo Trump
Em função do feriado de Tiradentes, não houve operações no mercado financeiro brasileiro, nesta terça-feira (21). No mercado global, o dia foi marcado por forte sentimento de aversão ao risco, refletido na queda dos principais índices acionários nos Estados Unidos, alta nos rendimentos dos títulos do Tesouro americano e enfraquecimento do dólar frente às moedas dos países desenvolvidos, com o índice DXY atingindo a mínima dos últimos 15 meses. Os três principais índices das bolsas caíram. O S&P 500 perdeu 2,36%, encerrando em 5.157,81 pontos, enquanto o Nasdaq Composite caiu 2,50%, para 15.878,68 pontos. O Dow Jones Industrial Average recuou 2,47%, para 38.159,19.
Como tem ocorrido nos episódios recentes de “risk-off” nos EUA, o ouro disparou para um novo recorde, ultrapassando US$ 3.400 por onça, enquanto o franco suíço, moeda considerada porto seguro, registrou alta superior a 1% frente ao dólar.
Segundo avaliação do especialista em investimentos da Nomad, Bruno Shahini, o mercado reage ao aumento das incertezas relacionadas às políticas do governo Trump neste início de mandato. “As preocupações estão especialmente concentradas na independência do Federal Reserve, após fortes declarações do presidente Trump criticando a atual política de juros do Banco Central americano e rumores sobre uma possível demissão do presidente do Fed, Jerome Powell. Esse é um ponto de extrema sensibilidade, com potencial para gerar grande volatilidade nos mercados dos EUA e provocando uma fuga de ativos dolarizados”, destaca Shahini.
Além disso, houve poucos avanços nas negociações comerciais entre os países impactados pelas tarifas, sinalizando um progresso limitado e sugerindo que esse fator de risco possa se estender além do período de pausa de 90 dias inicialmente previsto. Outra preocupação crescente é a relação entre Estados Unidos e China, com temores de que a escalada das disputas comerciais ultrapasse as questões econômicas e envolva elementos geopolíticos mais amplos.
O especialista em investimentos da Nomad ressalta que embora o mercado brasileiro tenha sido beneficiado pelo feriado local, evitando exposição direta ao movimento global, há novamente pressão sobre as moedas emergentes pares do real, decorrente do ambiente de maior aversão ao risco e da queda nos preços das commodities.