Ceia de Natal dos brasileiros terá alta nos preços dos produtos importados
Custo de espumantes e uvas-passas sofrerão influência do comércio global e da logística internacional
À medida que as festividades se aproximam, fatores internos e externos do comércio global começam a pesar sobre o preço dos produtos natalinos. Poucos sabem, mas alguns itens clássicos da ceia de Natal, como espumantes e uvas-passas, dependem diretamente do comércio exterior para chegar à mesa dos brasileiros. Por exemplo, enquanto as uvas-passas chegam em sua maioria da Argentina (79%), Irã e Uzbequistão, os espumantes vêm majoritariamente da França (64%), com complementos da Espanha e Itália.
Um estudo recente da Logcomex, empresa líder em soluções tecnológicas para planejamento, monitoramento e automação de operações do comércio global, revelou que, de janeiro a setembro de 2024, o valor FOB (Free on Board) dos espumantes importados pelo Brasil subiu 17%, alcançando US$ 28,3 milhões em comparação com o mesmo período de 2023. Produtos mais específicos, como os espumantes tipo champagne, registraram um aumento ainda mais expressivo, de 30%, atingindo US$ 16,2 milhões.
Já as uvas-passas, ingrediente essencial em pratos como panetones e o tradicional arroz à grega, também apresentaram aumentos expressivos. Nesse mesmo período, o valor FOB das importações chegou a US$ 39,3 milhões, 15% a mais do que no ano anterior. Em termos de volume, as importações passaram sutilmente de 20,3 mil para 20,6 mil toneladas, reforçando que a elevação de preços é mais influenciada pelo custo do produto do que pela quantidade importada.
Helmuth Hofstatter, CEO da Logcomex, explica que a dependência de insumos importados faz com que o preço desses produtos seja sensível a fatores externos. “A cada ano, os itens clássicos de Natal têm ficado mais caros para o consumidor brasileiro, resultado direto das dificuldades enfrentadas pelo comércio global. Neste ano, fatores como greves nos portos e a alta nos fretes marítimos, somados ao aumento do uso do modal rodoviário, adicionaram uma pressão significativa nos preços dos produtos importados,” comenta ele.
Importância dos portos e o caminho dos itens da ceia
Do cultivo nas vinícolas e pomares internacionais até as prateleiras dos supermercados no Brasil, o trajeto dos itens que compõem a ceia natalina passa por um intermediador essencial: os portos brasileiros. O Porto de Rio Grande, por exemplo, lidera o desembarque de espumantes, representando 31% do valor FOB importado, seguido por Santos (24%) e Rio de Janeiro (10%). Para as uvas-passas, os pontos de desembarque se concentram em Foz do Iguaçu (43% do valor importado), São Borja e Santos.
Esses produtos chegam ao Brasil principalmente pelo modal marítimo, que, apesar de uma leve redução no uso – de 85% em 2023 para 80% em 2024 – ainda predomina nas importações natalinas. O transporte rodoviário, que teve crescimento e representa 76,4% das importações de uvas-passas, conecta os portos aos centros de distribuição, garantindo que os produtos estejam disponíveis para as festas.
Nesse aspecto, a tecnologia surge como uma aliada essencial para otimizar as operações e tornar o comércio mais acessível e competitivo. Soluções inovadoras, como o NCM Intel da Logcomex, permitem que empresas mapeiem novos fornecedores e acompanhem as importações da concorrência, obtendo um panorama preciso do volume de produtos e das rotas comerciais. Assim, a tecnologia se consolida como uma chave para transformar as práticas comerciais e contribuir para que produtos tradicionais estejam cada vez mais acessíveis às famílias brasileiras.
“Em um cenário global cada vez mais desafiador, garantir a chegada desses itens é como manter viva a tradição. Cada produto na mesa de Natal conta a história de um esforço logístico cuidadoso para que, mesmo diante de obstáculos, as famílias brasileiras possam celebrar seus costumes.” finaliza Helmuth.