Proposta de redução da jornada de trabalho levanta discussão sobre saúde mental
A proposta de redução da jornada de trabalho para 36 horas semanais, com a eliminação das escalas 6×1 (6 dias de trabalho seguidos de 1 dia de descanso), tem gerado amplo debate no Brasil, especialmente nas redes sociais e no Congresso Nacional. A proposta, ainda não formalmente protocolada na Câmara dos Deputados, é de autoria da deputada Erika Hilton (PSOL-SP), que tem buscado apoio para apresentar uma Proposta de Emenda à Constituição (PEC) visando a redução da carga horária.
A questão central da proposta é a eliminação do regime de trabalho 6×1, no qual o trabalhador fica seis dias consecutivos no mercado de trabalho e apenas um dia de descanso. Este modelo tem sido cada vez mais questionado por seus impactos na saúde física e mental dos trabalhadores.
A discussão ganha ainda mais relevância no contexto atual, onde os efeitos do trabalho excessivo sobre a saúde mental são cada vez mais evidentes. Para o professor Diego Burger, especialista em segurança psicológica da Human SA, as longas jornadas de trabalho, como a escala 6×1, podem gerar graves consequências para o bem-estar dos trabalhadores.
“A psicologia do trabalho está começando a perceber o impacto de jornadas excessivas sobre a saúde mental. A escala 6×1, por exemplo, é uma das formas mais prejudiciais de organização da carga horária, pois compromete o equilíbrio entre vida profissional e pessoal. O descanso inadequado e a sobrecarga constante criam um ambiente de estresse crônico, o que aumenta significativamente os riscos de problemas psicológicos como ansiedade, depressão e síndrome de burnout”, explica o professor Diego Burger.
Burger ressalta que a alteração nas jornadas de trabalho não deve ser apenas uma discussão sobre redução de horas, mas também sobre a criação de ambientes de trabalho que priorizem a saúde emocional e psicológica dos colaboradores.
“A redução da carga horária é um avanço, mas deve ser acompanhada de uma transformação no modo como as empresas enxergam o cuidado com a saúde mental. Precisamos entender que o tempo livre de qualidade é essencial para a recuperação emocional e para a produtividade no longo prazo”, afirma o professor.