Mercado de câmbio cresce 3,04% em 2024 e apresenta mudanças entre os maiores bancos

Mercado de câmbio cresce 3,04% em 2024 e apresenta mudanças entre os maiores bancos

Levantamento com base em dados do Banco Central destaca o avanço do Itaú, que assumiu a liderança do setor, e a retração de Santander e Bradesco

O Itaú Unibanco conquistou a liderança do ranking de câmbio do Banco Central do Brasil (BC) em 2024, desbancando o Citibank, que ocupava a primeira posição há anos. A análise realizada pela Kótto, com base nos dados divulgados pelo BC, trouxe um olhar especial para os TOP 15 bancos que mais operaram câmbio em 2024, comparando seus desempenhos e destacando um crescimento de 3,04% no mercado em relação ao ano anterior. No total, o Itaú atingiu um volume de US$ 241 bilhões em transações no ano, um aumento de US$ 17 bilhões em comparação com 2023, consolidando sua liderança no Mercado de Câmbio Primário – que engloba operações de exportação, importação e financeiro.

A ascensão do Itaú Unibanco ao topo do ranking marca uma virada estratégica significativa no cenário cambial brasileiro. Em uma análise dos últimos cinco anos, o banco se destacou como a instituição que mais ampliou seu volume de operações, saltando de US$ 148,2 bilhões em 2020 para US$ 241,8 bilhões em 2024 – um crescimento acumulado de US$ 93,6 bilhões. Esse desempenho consolida o Itaú como um dos principais agentes financeiros no país, após anos de crescimento consistente em suas atividades cambiais.

Embora tenha perdido a liderança, o Citibank mantém uma posição sólida no mercado, encerrando o ano com um volume de US$ 237,3 bilhões. A diferença entre o Citi e o Itaú no topo do ranking foi estreita, evidenciando que o banco norte-americano segue competitivo no Brasil, mesmo após a mudança na liderança. A disputa entre as instituições deve se intensificar nos próximos anos, ampliando a concorrência entre bancos tradicionais e estrangeiros no segmento.

Estrangeiros

Entre os bancos estrangeiros, o JP Morgan se destacou ao conquistar, pela primeira vez, a 3ª posição no ranking. O banco registrou um volume de US$ 174,8 bilhões em 2024, consolidando um crescimento contínuo ano após ano. O avanço do JP Morgan evidencia o fortalecimento das operações de bancos internacionais no Brasil, especialmente em setores estratégicos do mercado financeiro. Por outro lado, o Santander Brasil continua perdendo espaço no ranking. O banco ficou em 4º lugar em 2024, registrando uma queda de 16% em seu volume de câmbio. O total de transações caiu de US$ 192,7 bilhões em 2023 para US$ 161,7 bilhões em 2024, uma redução de mais de US$ 35 bilhões no período. Esse movimento dá continuidade à tendência de retração observada nos últimos anos, enquanto concorrentes diretos ampliam sua participação no mercado.

Já o Banco do Brasil encerrou 2024 na 5ª posição e segue em trajetória de recuperação. Nos últimos anos, a instituição tem ampliado sua participação nas operações de câmbio, com destaque para o setor do agronegócio. O volume de transações do banco saltou de US$ 94,7 bilhões em 2020 para US$ 153,1 bilhões em 2024 – um crescimento de US$ 58,3 bilhões, consolidando o Banco do Brasil como o segundo banco que mais expandiu sua presença no mercado nesse período.

Em contraste, o Bradesco segue enfrentando desafios no mercado cambial. Ocupando a 6ª posição em 2024, o banco encerrou o ano com US$ 113 bilhões em transações, uma queda expressiva em relação aos US$ 157,1 bilhões registrados em 2020. A redução de US$ 44,1 bilhões ao longo de cinco anos coloca o Bradesco como o banco que mais perdeu volume no período, refletindo as dificuldades enfrentadas pela instituição para manter sua relevância em um cenário altamente competitivo.

Maior volume

Entre os bancos brasileiros em ascensão, o BTG Pactual alcançou seu maior volume histórico, consolidando a 10ª posição no ranking com US$ 50,9 bilhões transacionados em 2024. A instituição tem ampliado sua participação no mercado de câmbio ano após ano, posicionando-se como um dos principais agentes financeiros em crescimento no país. Outro player que tem ganhado espaço é o Banco XP S.A.. Com um volume de US$ 22,1 bilhões em 2024, a XP ocupa a 15ª posição no ranking, evidenciando sua estratégia de expansão no setor de câmbio. Em cinco anos, a instituição adicionou mais de US$ 20 bilhões ao seu volume transacionado, desafiando bancos tradicionais e reforçando a competitividade no mercado.

O ranking também trouxe destaque para novos entrantes que vêm movimentando o mercado nos últimos anos. O State Street, por exemplo, consolidou sua presença no top 15 após um crescimento acelerado. Em 2020, sua operação era quase inexistente no Brasil, mas, em 2024, o banco já figura entre os maiores do segmento, reforçando o dinamismo e a competitividade do mercado de câmbio.

De acordo com Paulo Marcos, especialista em câmbio e sócio fundador da Kótto, o crescimento do mercado e as movimentações entre os principais bancos refletem mudanças estratégicas significativas no setor. “A movimentação dos grandes players no mercado de câmbio evidencia estratégias distintas de crescimento e posicionamento. O destaque do Itaú Unibanco mostra como investimentos contínuos podem gerar ganhos expressivos em volume”, avalia o especialista.

Competitividade

A análise exclusiva da Kótto sobre o ranking do BC evidencia que o mercado de câmbio brasileiro segue dinâmico e cada vez mais competitivo, com bancos nacionais e internacionais disputando espaço em um cenário de crescimento moderado. Segundo os dados levantados pela Kótto, a descentralização esperada pelo Banco Central é um processo gradual. Nos últimos cinco anos, a participação das instituições do top 15 no mercado caiu de 88,81% em 2020 para 82,89% em 2024, uma redução de 5,92 pontos percentuais. Esse movimento abre espaço para novos players, como State Street e XP, que não figuravam no ranking em 2020.

Entre 2020 e 2024, os bancos Itaú, Citibank, JP Morgan, Santander, Banco do Brasil, Bradesco, Goldman Sachs, Bank of America Merrill Lynch, BTG Pactual, BNP Paribas, ABN Amro, Deutsche Bank e Morgan Stanley se mantiveram no top 15. Já o Societe Generale e o Credit Suisse saíram do ranking, enquanto State Street e Banco XP entraram. Esse cenário reforça a transformação do setor e a maior diversificação dos agentes financeiros no Brasil.

Mirian Gasparin

Mirian Gasparin, natural de Curitiba, é formada em Comunicação Social com habilitação em Jornalismo pela Universidade Federal do Paraná e pós-graduada em Finanças Corporativas pela Universidade Federal do Paraná. Profissional com experiência de 50 anos na área de jornalismo, sendo 48 somente na área econômica, com trabalhos pela Rádio Cultura de Curitiba, Jornal Indústria & Comércio e Jornal Gazeta do Povo. Também foi assessora de imprensa das Secretarias de Estado da Fazenda, da Indústria, Comércio e Desenvolvimento Econômico e da Comunicação Social. Desde abril de 2006 é colunista de Negócios da Rádio BandNews Curitiba e escreveu para a revista Soluções do Sebrae/PR. Também é professora titular nos cursos de Jornalismo e Ciências Contábeis da Universidade Tuiuti do Paraná. Ministra cursos para empresários e executivos de empresas paranaenses, de São Paulo e Rio de Janeiro sobre Comunicação e Língua Portuguesa e faz palestras sobre Investimentos. Em julho de 2007 veio um novo desafio profissional, com o blog de Economia no Portal Jornale. Em abril de 2013 passou a ter um blog de Economia no portal Jornal e Notícias. E a partir de maio de 2014, quando completou 40 anos de jornalismo, lançou seu blog independente. Nestes 16 anos de blog, mais de 35 mil matérias foram postadas. Ao longo de sua carreira recebeu 20 prêmios, com destaque para o VII Prêmio Fecomércio de Jornalismo (1º e 3º lugar na categoria webjornalismo em 2023); Prêmio Fecomércio de Jornalismo (1º lugar Internet em 2017 e 2016);Prêmio Sistema Fiep de Jornalismo (1º lugar Internet – 2014 e 3º lugar Internet – 2015); Melhor Jornalista de Economia do Paraná concedido pelo Conselho Regional de Economia do Paraná (agosto de 2010); Prêmio Associação Comercial do Paraná de Jornalismo de Economia (outubro de 2010), Destaque do Jornalismo Econômico do Paraná -Shopping Novo Batel (março de 2011). Em dezembro de 2009 ganhou o prêmio Destaque em Radiodifusão nos Melhores do Ano do jornal Diário Popular. Demais prêmios: Prêmio Ceag de Jornalismo, Centro de Apoio à Pequena e Média Empresa do Paraná, atual Sebrae (1987), Prêmio Cidade de Curitiba na categoria Jornalismo Econômico da Câmara Municipal de Curitiba (1990), Prêmio Qualidade Paraná, da International, Exporters Services (1991), Prêmio Abril de Jornalismo, Editora Abril (1992), Prêmio destaque de Jornalismo Econômico, Fiat Allis (1993), Prêmio Mercosul e o Paraná, Federação das Indústrias do Estado do Paraná (1995), As mulheres pioneiras no jornalismo do Paraná, Conselho Estadual da Mulher do Paraná (1996), Mulher de Destaque, Câmara Municipal de Curitiba (1999), Reconhecimento profissional, Sindicato dos Engenheiros do Estado do Paraná (2005), Reconhecimento profissional, Rotary Club de Curitiba Gralha Azul (2005). Faz parte da publicação “Jornalistas Brasileiros – Quem é quem no Jornalismo de Economia”, livro organizado por Eduardo Ribeiro e Engel Paschoal que traz os maiores nomes do Jornalismo Econômico brasileiro.

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