Por que o Brasil não exporta CEOs como exporta jogadores de futebol?

Por que o Brasil não exporta CEOs como exporta jogadores de futebol?

Internacionalização da carreira vai além da competência técnica

Apesar de ser a maior economia da América Latina, o Brasil enfrenta desafios significativos para posicionar seus executivos no mercado global. Enquanto jogadores brasileiros brilham nos principais clubes internacionais, a presença de CEOs nacionais em empresas globais é limitada. Fatores como formação voltada ao mercado interno, barreiras culturais e linguísticas, redes de contatos restritas e percepções internacionais desfavoráveis contribuem para essa realidade.

De acordo com a 28ª Pesquisa Global com CEOs da PwC, que entrevistou mais de 4.700 líderes empresariais em mais de 100 países, incluindo o Brasil, há uma diferença no ritmo de adaptação dos CEOs brasileiros às novas demandas do mercado global.  Além disso, o Brasil caiu para a 14ª posição no ranking de mercados estratégicos para CEOs globais, após já ter ocupado a quarta posição em 2014.

Para Ricardo Oberlander, executivo brasileiro com ampla experiência internacional, incluindo a presidência da Reynolds American Inc., alguns fatores que dificultam a exportação de CEOs Brasileiros são:

  • Formação Executiva Limitada ao Mercado Interno: A formação dos executivos brasileiros tende a ser mais focada no mercado doméstico, com menos ênfase em experiências internacionais. Isso contrasta com países onde programas de desenvolvimento de liderança incluem rotineiramente passagens por diversas geografias.
  • Barreiras Culturais e Linguísticas: Diferenças culturais e a proficiência limitada em idiomas estrangeiros podem dificultar a adaptação de executivos brasileiros em ambientes internacionais. A distância psíquica, composta por fatores como língua, cultura e práticas de negócios, também é um desafio.
  • Redes de Contato Restritas: A falta de networking global restringe as oportunidades de executivos brasileiros serem considerados para posições de liderança fora do país.
  • Percepção Internacional: Empresas globais podem ter percepções estereotipadas sobre a capacidade de liderança dos brasileiros, influenciando negativamente a contratação.

Oberlander, com sua experiência de duas décadas atuando em mercados internacionais, destaca a importância da vivência global para a formação de líderes. “A internacionalização da carreira vai além da competência técnica. Ela exige uma compreensão profunda de diferentes culturas e mercados. Criar oportunidades para que executivos brasileiros adquiram essa experiência desde cedo pode ser um diferencial na construção de uma liderança global”, observa.

Confira os caminhos para a internacionalização dos executivos brasileiros, segundo Oberlander:

  1. Incentivo à mobilidade internacional: empresas brasileiras podem promover programas de intercâmbio e transferências internacionais para seus talentos, ampliando sua exposição global.
  2. Parcerias com instituições globais: Estabelecer colaborações com universidades e organizações estrangeiras pode enriquecer a formação dos executivos brasileiros.
  3. Desenvolvimento de competências culturais: Investir em treinamentos que abordem diferenças culturais e promovam a adaptabilidade é importante para preparar líderes para o cenário internacional.
  4. Fortalecimento do networking global: Participar de fóruns, conferências e associações internacionais pode ampliar a rede de contatos e abrir portas para oportunidades no exterior.

De acordo com o especialista, embora o Brasil seja um polo de talentos em diversas áreas, a exportação de CEOs ainda é um desafio a ser superado. “Ao investir na formação internacional de seus executivos e promover uma cultura corporativa voltada para o global, o país pode aumentar sua representatividade nas lideranças das principais empresas mundiais, replicando o sucesso já alcançado no futebol”, completa Oberlander.

Crédito da foto: Canvas

Mirian Gasparin

Mirian Gasparin, natural de Curitiba, é formada em Comunicação Social com habilitação em Jornalismo pela Universidade Federal do Paraná e pós-graduada em Finanças Corporativas pela Universidade Federal do Paraná. Profissional com experiência de 50 anos na área de jornalismo, sendo 48 somente na área econômica, com trabalhos pela Rádio Cultura de Curitiba, Jornal Indústria & Comércio e Jornal Gazeta do Povo. Também foi assessora de imprensa das Secretarias de Estado da Fazenda, da Indústria, Comércio e Desenvolvimento Econômico e da Comunicação Social. Desde abril de 2006 é colunista de Negócios da Rádio BandNews Curitiba e escreveu para a revista Soluções do Sebrae/PR. Também é professora titular nos cursos de Jornalismo e Ciências Contábeis da Universidade Tuiuti do Paraná. Ministra cursos para empresários e executivos de empresas paranaenses, de São Paulo e Rio de Janeiro sobre Comunicação e Língua Portuguesa e faz palestras sobre Investimentos. Em julho de 2007 veio um novo desafio profissional, com o blog de Economia no Portal Jornale. Em abril de 2013 passou a ter um blog de Economia no portal Jornal e Notícias. E a partir de maio de 2014, quando completou 40 anos de jornalismo, lançou seu blog independente. Nestes 16 anos de blog, mais de 35 mil matérias foram postadas. Ao longo de sua carreira recebeu 20 prêmios, com destaque para o VII Prêmio Fecomércio de Jornalismo (1º e 3º lugar na categoria webjornalismo em 2023); Prêmio Fecomércio de Jornalismo (1º lugar Internet em 2017 e 2016);Prêmio Sistema Fiep de Jornalismo (1º lugar Internet – 2014 e 3º lugar Internet – 2015); Melhor Jornalista de Economia do Paraná concedido pelo Conselho Regional de Economia do Paraná (agosto de 2010); Prêmio Associação Comercial do Paraná de Jornalismo de Economia (outubro de 2010), Destaque do Jornalismo Econômico do Paraná -Shopping Novo Batel (março de 2011). Em dezembro de 2009 ganhou o prêmio Destaque em Radiodifusão nos Melhores do Ano do jornal Diário Popular. Demais prêmios: Prêmio Ceag de Jornalismo, Centro de Apoio à Pequena e Média Empresa do Paraná, atual Sebrae (1987), Prêmio Cidade de Curitiba na categoria Jornalismo Econômico da Câmara Municipal de Curitiba (1990), Prêmio Qualidade Paraná, da International, Exporters Services (1991), Prêmio Abril de Jornalismo, Editora Abril (1992), Prêmio destaque de Jornalismo Econômico, Fiat Allis (1993), Prêmio Mercosul e o Paraná, Federação das Indústrias do Estado do Paraná (1995), As mulheres pioneiras no jornalismo do Paraná, Conselho Estadual da Mulher do Paraná (1996), Mulher de Destaque, Câmara Municipal de Curitiba (1999), Reconhecimento profissional, Sindicato dos Engenheiros do Estado do Paraná (2005), Reconhecimento profissional, Rotary Club de Curitiba Gralha Azul (2005). Faz parte da publicação “Jornalistas Brasileiros – Quem é quem no Jornalismo de Economia”, livro organizado por Eduardo Ribeiro e Engel Paschoal que traz os maiores nomes do Jornalismo Econômico brasileiro.

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