A economia dos ingênuos

José Pio Martins.
José Pio Martins.

A Economia (com “e” maiúsculo) é uma ciência, com seus princípios e leis científicas. A economia (com “e” minúsculo) é o objeto de estudo da ciência econômica. O objeto de estudo (a economia) é o sistema por meio do qual um povo produz, distribui, troca, consome e acumula bens e serviços. Para funcionar e prover a população do gigantesco conjunto de bens e serviços necessários à vida, o sistema emprega os fatores de produção (recursos naturais, trabalho, capital e iniciativa empresarial).

Embora possa ser mais ou menos entendido por um leigo, o corpo humano somente é conhecido em sua estrutura, organização interna e funcionamento por alguém que estudou Anatomia e outras disciplinas médicas. O mesmo se dá com a economia. Grosso modo, é possível entender a lógica interna e o funcionamento do sistema econômico. Mas a compreensão de suas relações, estrutura e organização sistêmica somente é possível a quem estude a ciência e seu objeto de estudo.

Apesar disso, é grande o número de pessoas no meio político, intelectual e da militância partidária que falam e opinam como se fossem especialistas, mesmo sem terem conhecimento técnico e científico do assunto. Assim, não é de estranhar que o estoque de bobagens seja elevado, como a afirmação de certo líder social segundo o qual “o único problema do Brasil é a desigualdade de renda e basta tirar de quem tem e transferir aos pobres para que a pobreza seja superada”.

Isso não é verdade. Primeiro, o Brasil é um país pobre. A produção nacional em 2015, a preços correntes, foi de R$ 5,9 trilhões. Conforme o IBGE, a população no fim do ano passado era de 205,2 milhões de habitantes. Isso dá uma renda por habitante de R$ 28,7 mil/ano ou R$ 2.396 por mês. Considerando a carga tributária de 37%, a renda disponível por habitante é de R$ 1.509,50/mês.

Os valores acima referem-se à média. Por óbvio, milhões de pessoas ganham mais que o valor médio; logo, outros milhões ganham menos. Comparando com os Estados Unidos, a renda por habitante no Brasil é um quinto da norte-americana. Se tudo o que o Brasil produz fosse distribuído igualitariamente, continuaríamos sendo uma nação de pobres. Portanto, a meta maior não é tirar de quem tem mais. Definitivamente, a meta principal é fazer o PIB crescer mais que o crescimento da população. Nenhuma outra meta é mais importante que essa.

A Economia não é a ciência da bondade. É a ciência do necessário e do viável. Roberto Campos dizia que o mundo será salvo pelos eficientes, não pelos caridosos, e que o respeito ao produtor de riqueza é o começo da solução da pobreza. Se os eficientes não produzirem, os caridosos não terão o que distribuir. O socialismo morreu por duas razões: uma, não é passível de funcionar sem supressão das liberdades individuais; outra, é péssimo para produzir riqueza.

Com seu socialismo bolivariano, a Venezuela, sentada sobre a terceira maior reserva de petróleo do mundo, conseguiu a proeza de implantar o terror, provocar o desabastecimento de energia (atualmente, o país vive um racionamento pesado) e promover a falta de papel higiênico e de medicamentos. O problema dessas ideias de igualitarismo é que elas não funcionam e não conseguem atingir os fins propostos, por uma simples razão: não premiam o talento individual, acabam com a iniciativa empreendedora e destroem o sistema produtivo criador de riqueza.

O artigo foi escrito por José Pio Martins, que é economista e reitor da Universidade Positivo.

Mirian Gasparin

Mirian Gasparin, natural de Curitiba, é formada em Comunicação Social com habilitação em Jornalismo pela Universidade Federal do Paraná e pós-graduada em Finanças Corporativas pela Universidade Federal do Paraná. Profissional com experiência de 50 anos na área de jornalismo, sendo 48 somente na área econômica, com trabalhos pela Rádio Cultura de Curitiba, Jornal Indústria & Comércio e Jornal Gazeta do Povo. Também foi assessora de imprensa das Secretarias de Estado da Fazenda, da Indústria, Comércio e Desenvolvimento Econômico e da Comunicação Social. Desde abril de 2006 é colunista de Negócios da Rádio BandNews Curitiba e escreveu para a revista Soluções do Sebrae/PR. Também é professora titular nos cursos de Jornalismo e Ciências Contábeis da Universidade Tuiuti do Paraná. Ministra cursos para empresários e executivos de empresas paranaenses, de São Paulo e Rio de Janeiro sobre Comunicação e Língua Portuguesa e faz palestras sobre Investimentos. Em julho de 2007 veio um novo desafio profissional, com o blog de Economia no Portal Jornale. Em abril de 2013 passou a ter um blog de Economia no portal Jornal e Notícias. E a partir de maio de 2014, quando completou 40 anos de jornalismo, lançou seu blog independente. Nestes 16 anos de blog, mais de 35 mil matérias foram postadas. Ao longo de sua carreira recebeu 20 prêmios, com destaque para o VII Prêmio Fecomércio de Jornalismo (1º e 3º lugar na categoria webjornalismo em 2023); Prêmio Fecomércio de Jornalismo (1º lugar Internet em 2017 e 2016);Prêmio Sistema Fiep de Jornalismo (1º lugar Internet – 2014 e 3º lugar Internet – 2015); Melhor Jornalista de Economia do Paraná concedido pelo Conselho Regional de Economia do Paraná (agosto de 2010); Prêmio Associação Comercial do Paraná de Jornalismo de Economia (outubro de 2010), Destaque do Jornalismo Econômico do Paraná -Shopping Novo Batel (março de 2011). Em dezembro de 2009 ganhou o prêmio Destaque em Radiodifusão nos Melhores do Ano do jornal Diário Popular. Demais prêmios: Prêmio Ceag de Jornalismo, Centro de Apoio à Pequena e Média Empresa do Paraná, atual Sebrae (1987), Prêmio Cidade de Curitiba na categoria Jornalismo Econômico da Câmara Municipal de Curitiba (1990), Prêmio Qualidade Paraná, da International, Exporters Services (1991), Prêmio Abril de Jornalismo, Editora Abril (1992), Prêmio destaque de Jornalismo Econômico, Fiat Allis (1993), Prêmio Mercosul e o Paraná, Federação das Indústrias do Estado do Paraná (1995), As mulheres pioneiras no jornalismo do Paraná, Conselho Estadual da Mulher do Paraná (1996), Mulher de Destaque, Câmara Municipal de Curitiba (1999), Reconhecimento profissional, Sindicato dos Engenheiros do Estado do Paraná (2005), Reconhecimento profissional, Rotary Club de Curitiba Gralha Azul (2005). Faz parte da publicação “Jornalistas Brasileiros – Quem é quem no Jornalismo de Economia”, livro organizado por Eduardo Ribeiro e Engel Paschoal que traz os maiores nomes do Jornalismo Econômico brasileiro.

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