“Carrefour 2022” antecipa a expansão da Amazon em varejo alimentar

José Roberto Securato Junior.

Grandes e pequenos varejistas se mobilizam, uns para conquistar o varejo mundial, outros apenas para sobreviver. Para o Grupo Carrefour, conquistar e sobreviver parece ter o mesmo significado: em 23 de janeiro de 2017 foi apresentado o “Carrefour 2022” foi apresentado, que define as diretrizes do seu plano de transformação para os próximos cinco anos e, segundo a companhia, “adapta seu modelo e sua estrutura organizacional para ser o líder mundial da transição alimentar para todos”. Mas, o plano me pareceu uma reação à entrada da Amazon no varejo alimentar com a compra da Whole Foods (para quem não sabe, coincidência ou não, o manifesto do Carrefour veio um dia depois do lançamento oficial do AmazonGo).

A ambição que guia o plano do Grupo Carrefour é uma tendência global: permitir que seus clientes consumam melhor. Para a Nestlé, por exemplo, isto implicou em vender a sua divisão de “candies” (doces, balas e chocolates) nos Estados Unidos para focar em alimentos saudáveis, uma estratégia inimaginável no Brasil, ainda mais depois de anos de disputas em torno da aquisição da Garoto. Todavia, consumir melhor tem outras verticais que vão além de produtos mais saudáveis, mesmo para um varejista alimentar. A Whole Foods, agora Amazon, oferece somente produtos orgânicos, com grande foco nos produtores locais e usualmente declaração de procedência.

O Grupo Carrefour definiu quatro pilares: implementar uma estrutura organizacional simplificada e aberta; atingir ganhos de produtividade e competitividade; criar um grupo de omnicanal de referência e reformulação da oferta a serviço da qualidade dos alimentos.

O comunicado de sete páginas do Grupo Carrefour que explica os pilares acima parece uma resposta aos avanços da Amazon, que ameaça todo e qualquer varejista do planeta. Destaco: “organização simplificada”, “racionalização dos escritórios”, “mais aberta aos seus clientes e parceiros externos”, “melhorar eficiência e competitividade”, “redução de custos” ancorado em “otimização de compras diretas”, “racionalização de compras indiretas”, “redução de custos de logística” e “redução de custos estruturais”. Os principais investimentos do grupo são focados em Tecnologia da Informação e cadeia de suprimentos. O terceiro pilar em especial, omnicanal de referência, é um caminho sem volta que irá demandar “investimento massivo em tecnologias digitais” e uma “meta de cinco bilho~es de euros em vendas no e-commerce alimentar ate´ 2022”. O último pilar está ancorado em alimentos frescos e orgânicos batendo de frente com a Whole Foods.

Mas, a batalha dos gigantes promete ser interessante. Enquanto a Amazon já é referência nos quatro pilares e na meta que o Carrefour se impôs, o Carrefour olha a Amazon pelo espelho retrovisor com relação à geração de caixa e pagamento de dividendos. “O Grupo também deseja manter a sua politica de dividendos, com uma taxa de distribuição entre 45% e 50% do resultado líquido ajustado”. E a Amazon, que até hoje nunca pagou dividendos, também tem exemplos a seguir (ou não).

O artigo foi escrito por José Roberto Securato Junior, que é vice-presidente do Instituto Brasileiro de Executivos de Varejo e Mercado de Consumo (IBEVAR) e diretor da Saint Paul Advisors.

Mirian Gasparin

Mirian Gasparin, natural de Curitiba, é formada em Comunicação Social com habilitação em Jornalismo pela Universidade Federal do Paraná e pós-graduada em Finanças Corporativas pela Universidade Federal do Paraná. Profissional com experiência de 50 anos na área de jornalismo, sendo 48 somente na área econômica, com trabalhos pela Rádio Cultura de Curitiba, Jornal Indústria & Comércio e Jornal Gazeta do Povo. Também foi assessora de imprensa das Secretarias de Estado da Fazenda, da Indústria, Comércio e Desenvolvimento Econômico e da Comunicação Social. Desde abril de 2006 é colunista de Negócios da Rádio BandNews Curitiba e escreveu para a revista Soluções do Sebrae/PR. Também é professora titular nos cursos de Jornalismo e Ciências Contábeis da Universidade Tuiuti do Paraná. Ministra cursos para empresários e executivos de empresas paranaenses, de São Paulo e Rio de Janeiro sobre Comunicação e Língua Portuguesa e faz palestras sobre Investimentos. Em julho de 2007 veio um novo desafio profissional, com o blog de Economia no Portal Jornale. Em abril de 2013 passou a ter um blog de Economia no portal Jornal e Notícias. E a partir de maio de 2014, quando completou 40 anos de jornalismo, lançou seu blog independente. Nestes 16 anos de blog, mais de 35 mil matérias foram postadas. Ao longo de sua carreira recebeu 20 prêmios, com destaque para o VII Prêmio Fecomércio de Jornalismo (1º e 3º lugar na categoria webjornalismo em 2023); Prêmio Fecomércio de Jornalismo (1º lugar Internet em 2017 e 2016);Prêmio Sistema Fiep de Jornalismo (1º lugar Internet – 2014 e 3º lugar Internet – 2015); Melhor Jornalista de Economia do Paraná concedido pelo Conselho Regional de Economia do Paraná (agosto de 2010); Prêmio Associação Comercial do Paraná de Jornalismo de Economia (outubro de 2010), Destaque do Jornalismo Econômico do Paraná -Shopping Novo Batel (março de 2011). Em dezembro de 2009 ganhou o prêmio Destaque em Radiodifusão nos Melhores do Ano do jornal Diário Popular. Demais prêmios: Prêmio Ceag de Jornalismo, Centro de Apoio à Pequena e Média Empresa do Paraná, atual Sebrae (1987), Prêmio Cidade de Curitiba na categoria Jornalismo Econômico da Câmara Municipal de Curitiba (1990), Prêmio Qualidade Paraná, da International, Exporters Services (1991), Prêmio Abril de Jornalismo, Editora Abril (1992), Prêmio destaque de Jornalismo Econômico, Fiat Allis (1993), Prêmio Mercosul e o Paraná, Federação das Indústrias do Estado do Paraná (1995), As mulheres pioneiras no jornalismo do Paraná, Conselho Estadual da Mulher do Paraná (1996), Mulher de Destaque, Câmara Municipal de Curitiba (1999), Reconhecimento profissional, Sindicato dos Engenheiros do Estado do Paraná (2005), Reconhecimento profissional, Rotary Club de Curitiba Gralha Azul (2005). Faz parte da publicação “Jornalistas Brasileiros – Quem é quem no Jornalismo de Economia”, livro organizado por Eduardo Ribeiro e Engel Paschoal que traz os maiores nomes do Jornalismo Econômico brasileiro.

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