94% das empresas veem a diversidade como essencial

94% das empresas veem a diversidade como essencial

Projeto de lei contra casamento homoafetivo pode influenciar o futuro empresarial do Brasil

Em um mundo em que se discute diariamente alternativas de abertura à inclusão e respeito à diversidade, o surgimento de um projeto de lei que proíbe o casamento entre pessoas do mesmo sexo no Brasil sugere um retrocesso em termos sociais e empresariais, avalia Mariana Domingues, advogada especialista em direito empresarial. “Essa iniciativa não apenas ameaça os direitos civis básicos, mas também coloca o país em descompasso com as práticas empresariais globais orientadas para a sustentabilidade, conforme estabelecido pelos princípios de ESG (Environmental, Social and Governance).”
A advogada lembra que a pesquisa “Diversidade, Equidade e Inclusão nas Organizações”, realizada pela consultoria Deloitte, aponta que 94% das empresas entendem que práticas pró-diversidade são essenciais para a prosperidade dos negócios. Esse consenso é um reflexo do reconhecimento de que ambientes diversificados promovem inovação, resiliência e uma compreensão mais ampla das necessidades dos consumidores.
No entanto, a manutenção de estruturas e mentalidades conservadoras nas empresas  apresenta obstáculos para os avanços, conforme aponta a mesma pesquisa.
“Não estamos tratando apenas de uma ‘tendência’ ou ‘moda’. Estamos falando sobre a capacidade de uma empresa se conectar com um mercado global e diversificado. Impedir o casamento entre pessoas do mesmo sexo é mais do que um retrocesso civil – é uma mensagem negativa para o mundo empresarial, que vê a diversidade como uma força.”

ESG não abrange apenas práticas ambientais

Para Mariana Domingues, o ESG não é apenas sobre práticas ambientais. Sua dimensão ‘Social’  revela como uma empresa se relaciona e valoriza seus stakeholders, incluindo os funcionários. “A diversidade e a inclusão são, portanto, fundamentais para a integridade dessa dimensão”, acrescenta.
Quanto à percepção dos colaboradores, a pesquisa da Deloitte aponta que somente 55% veem as práticas de ESG como uma prioridade nas empresas e apenas 52% acreditam em sua plena implementação nos ambientes corporativos.
A advogada considera esses dados preocupantes. “Se as próprias empresas não adotarem completamente as práticas de ESG, e os funcionários perceberem essa falta de comprometimento, toda a construção da sustentabilidade corporativa pode ser questionada.”
Outros reflexos estão diretamente ligados ao desempenho da economia e aos resultados das próprias empresas. “A legislação reflete e molda a sociedade. Se retrocedermos em questões de direitos e inclusão, podemos, inadvertidamente, criar um ambiente menos acolhedor para investimentos e inovações. O projeto de lei contra o casamento homoafetivo não é apenas uma questão de direitos individuais, mas uma questão que tem implicações profundas para o futuro econômico e social do Brasil.”
“O projeto de lei é um sinal de que o Brasil ainda não está pronto para aceitar a diversidade e sua aprovação pode levar a um aumento da discriminação e do assédio moral contra pessoas LGBTQIA+, criando um ambiente de trabalho hostil para essas pessoas. Sem dúvida é um ataque à dignidade humana e à liberdade de expressão e viola os direitos humanos mais fundamentais que temos previsto em nossa Constituição”, finaliza.
Crédito: Unsplash/Banco de imagens

Mirian Gasparin

Mirian Gasparin, natural de Curitiba, é formada em Comunicação Social com habilitação em Jornalismo pela Universidade Federal do Paraná e pós-graduada em Finanças Corporativas pela Universidade Federal do Paraná. Profissional com experiência de 50 anos na área de jornalismo, sendo 48 somente na área econômica, com trabalhos pela Rádio Cultura de Curitiba, Jornal Indústria & Comércio e Jornal Gazeta do Povo. Também foi assessora de imprensa das Secretarias de Estado da Fazenda, da Indústria, Comércio e Desenvolvimento Econômico e da Comunicação Social. Desde abril de 2006 é colunista de Negócios da Rádio BandNews Curitiba e escreveu para a revista Soluções do Sebrae/PR. Também é professora titular nos cursos de Jornalismo e Ciências Contábeis da Universidade Tuiuti do Paraná. Ministra cursos para empresários e executivos de empresas paranaenses, de São Paulo e Rio de Janeiro sobre Comunicação e Língua Portuguesa e faz palestras sobre Investimentos. Em julho de 2007 veio um novo desafio profissional, com o blog de Economia no Portal Jornale. Em abril de 2013 passou a ter um blog de Economia no portal Jornal e Notícias. E a partir de maio de 2014, quando completou 40 anos de jornalismo, lançou seu blog independente. Nestes 16 anos de blog, mais de 35 mil matérias foram postadas. Ao longo de sua carreira recebeu 20 prêmios, com destaque para o VII Prêmio Fecomércio de Jornalismo (1º e 3º lugar na categoria webjornalismo em 2023); Prêmio Fecomércio de Jornalismo (1º lugar Internet em 2017 e 2016);Prêmio Sistema Fiep de Jornalismo (1º lugar Internet – 2014 e 3º lugar Internet – 2015); Melhor Jornalista de Economia do Paraná concedido pelo Conselho Regional de Economia do Paraná (agosto de 2010); Prêmio Associação Comercial do Paraná de Jornalismo de Economia (outubro de 2010), Destaque do Jornalismo Econômico do Paraná -Shopping Novo Batel (março de 2011). Em dezembro de 2009 ganhou o prêmio Destaque em Radiodifusão nos Melhores do Ano do jornal Diário Popular. Demais prêmios: Prêmio Ceag de Jornalismo, Centro de Apoio à Pequena e Média Empresa do Paraná, atual Sebrae (1987), Prêmio Cidade de Curitiba na categoria Jornalismo Econômico da Câmara Municipal de Curitiba (1990), Prêmio Qualidade Paraná, da International, Exporters Services (1991), Prêmio Abril de Jornalismo, Editora Abril (1992), Prêmio destaque de Jornalismo Econômico, Fiat Allis (1993), Prêmio Mercosul e o Paraná, Federação das Indústrias do Estado do Paraná (1995), As mulheres pioneiras no jornalismo do Paraná, Conselho Estadual da Mulher do Paraná (1996), Mulher de Destaque, Câmara Municipal de Curitiba (1999), Reconhecimento profissional, Sindicato dos Engenheiros do Estado do Paraná (2005), Reconhecimento profissional, Rotary Club de Curitiba Gralha Azul (2005). Faz parte da publicação “Jornalistas Brasileiros – Quem é quem no Jornalismo de Economia”, livro organizado por Eduardo Ribeiro e Engel Paschoal que traz os maiores nomes do Jornalismo Econômico brasileiro.

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