Apagão cibernético: o que fazer se foi lesado e como prevenir novos danos

Apagão cibernético: o que fazer se foi lesado e como prevenir novos danos

Especialistas orientam sobre prevenção

O apagão cibernético global de 19 de julho que interrompeu voos, afetou bancos, telecomunicações e emissoras de mídia, gerando caos em diversos setores, pode resultar também em uma enxurrada de medidas judiciais compensatórias. Companhias aéreas como American Airlines, Delta Airlines e United Airlines suspenderam seus voos devido a problemas de comunicação, enquanto bancos e empresas de telecomunicações enfrentaram falhas sistêmicas que prejudicaram milhões de pessoas ao redor do mundo.
A advogada Mariana Domingues, especialista em direito empresarial e digital, alerta que, em situações como essa, a responsabilidade pelos danos causados deve ser apurada e as vítimas têm o direito de buscar reparação. “As instituições financeiras, por exemplo, assumem responsabilidade objetiva pelos danos gerados por falhas internas ou fraudes, conforme definido pela Súmula 479 do STJ e pelo Código de Defesa do Consumidor”.
Diante desse cenário, consumidores e empresas afetadas precisam estar cientes dos passos a serem tomados para garantir que seus direitos sejam protegidos e que os danos sofridos, compensados. O primeiro passo é entender os problemas mais comuns que podem surgir em decorrência de um apagão cibernético dessa magnitude.
Danos precisam ser documentados
Entre os problemas mais frequentes enfrentados estão a interrupção de serviços bancários, que pode impedir transações, bloqueio de contas e falhas em sistemas de pagamento. Além disso, falhas em telecomunicações dificultam a comunicação, afetando tanto operações comerciais quanto pessoais. O cancelamento e atraso de voos também geram prejuízos significativos para passageiros e companhias aéreas, enquanto a interrupção de serviços de mídia prejudica a comunicação e o acesso à informação.
“As perdas financeiras diretas são outro problema grave, especialmente para empresas que dependem de sistemas online para operar. Esses prejuízos podem variar desde perda de vendas e custos adicionais para restabelecer operações normais. Em todos esses casos, é crucial que os lesados documentem detalhadamente os impactos sofridos, incluindo e-mails, capturas de tela e recibos”, afirma a especialista.
Passos iniciais para buscar reparação
Para buscar reparação pelos danos sofridos, os lesados devem seguir alguns passos essenciais. Primeiramente, é importante documentar todos os prejuízos de forma detalhada. Manter registros de interrupções e impactos financeiros é fundamental para qualquer ação futura. Em seguida, é recomendável consultar um advogado especializado em direito empresarial e digital para obter a orientação jurídica adequada e avaliar a melhor estratégia legal.
“Ingressar com uma ação judicial pode ser necessário em muitos casos. A responsabilidade objetiva dos bancos, por exemplo, facilita o processo de busca por reparação, uma vez que não depende de comprovação de culpa. Além disso, registrar reclamações em órgãos de defesa do consumidor, como o Procon, pode ajudar a pressionar as empresas a resolverem os problemas e a compensarem os consumidores pelos danos sofridos”, diz.
A especialista ainda ressalta a importância de agir rapidamente: “Empresas e consumidores afetados devem buscar imediatamente a documentação de todos os prejuízos sofridos. A responsabilidade das instituições financeiras é objetiva, o que significa que elas respondem pelos danos causados, independentemente de culpa.”
Riscos de reincidência e possibilidade de ataque cibernético
Especialista em tecnologia da informação e professor do Centro Universitário Opet, João Silva explica que a possibilidade de incidentes semelhantes ocorrerem novamente não pode ser completamente descartada, o que exige ação preventiva das empresas. “Após um evento de alcance global como esse, é comum que as empresas revisem e aprimorem seus processos de segurança e monitoramento para evitar que algo semelhante aconteça novamente.”
Entre as medidas preventivas, a melhoria nos processos de teste é uma das principais. A adoção de testes mais rigorosos antes de liberar atualizações pode ajudar a identificar e corrigir potenciais falhas. Além disso, a implementação de sistemas de monitoramento em tempo real para detectar e mitigar problemas rapidamente é essencial. “O monitoramento contínuo e a capacidade de resposta rápida são cruciais quando falamos em segurança cibernética, permitindo que as empresas ajam de forma proativa em vez de reativa”, acrescenta.
Silva observa que estas ações são cruciais mesmo tendo perdido força a hipótese de o apagão estar relacionado a um ataque cibernético. “Embora não possa ser completamente descartada sem uma investigação completa, as evidências atuais confirmam que o incidente foi causado por uma falha de software”
Para o especialista, a CrowdStrike, sendo uma empresa de segurança cibernética, possui protocolos rigorosos para detectar e responder a ataques. “Até o momento, não há indicações de que o apagão tenha sido resultado de uma ação maliciosa. Porém, a possibilidade de ataques futuros reforça a necessidade de vigilância constante e aprimoramento contínuo das defesas cibernéticas.”
Crédito da foto: Reprodução/Freepik

Mirian Gasparin

Mirian Gasparin, natural de Curitiba, é formada em Comunicação Social com habilitação em Jornalismo pela Universidade Federal do Paraná e pós-graduada em Finanças Corporativas pela Universidade Federal do Paraná. Profissional com experiência de 50 anos na área de jornalismo, sendo 48 somente na área econômica, com trabalhos pela Rádio Cultura de Curitiba, Jornal Indústria & Comércio e Jornal Gazeta do Povo. Também foi assessora de imprensa das Secretarias de Estado da Fazenda, da Indústria, Comércio e Desenvolvimento Econômico e da Comunicação Social. Desde abril de 2006 é colunista de Negócios da Rádio BandNews Curitiba e escreveu para a revista Soluções do Sebrae/PR. Também é professora titular nos cursos de Jornalismo e Ciências Contábeis da Universidade Tuiuti do Paraná. Ministra cursos para empresários e executivos de empresas paranaenses, de São Paulo e Rio de Janeiro sobre Comunicação e Língua Portuguesa e faz palestras sobre Investimentos. Em julho de 2007 veio um novo desafio profissional, com o blog de Economia no Portal Jornale. Em abril de 2013 passou a ter um blog de Economia no portal Jornal e Notícias. E a partir de maio de 2014, quando completou 40 anos de jornalismo, lançou seu blog independente. Nestes 16 anos de blog, mais de 35 mil matérias foram postadas. Ao longo de sua carreira recebeu 20 prêmios, com destaque para o VII Prêmio Fecomércio de Jornalismo (1º e 3º lugar na categoria webjornalismo em 2023); Prêmio Fecomércio de Jornalismo (1º lugar Internet em 2017 e 2016);Prêmio Sistema Fiep de Jornalismo (1º lugar Internet – 2014 e 3º lugar Internet – 2015); Melhor Jornalista de Economia do Paraná concedido pelo Conselho Regional de Economia do Paraná (agosto de 2010); Prêmio Associação Comercial do Paraná de Jornalismo de Economia (outubro de 2010), Destaque do Jornalismo Econômico do Paraná -Shopping Novo Batel (março de 2011). Em dezembro de 2009 ganhou o prêmio Destaque em Radiodifusão nos Melhores do Ano do jornal Diário Popular. Demais prêmios: Prêmio Ceag de Jornalismo, Centro de Apoio à Pequena e Média Empresa do Paraná, atual Sebrae (1987), Prêmio Cidade de Curitiba na categoria Jornalismo Econômico da Câmara Municipal de Curitiba (1990), Prêmio Qualidade Paraná, da International, Exporters Services (1991), Prêmio Abril de Jornalismo, Editora Abril (1992), Prêmio destaque de Jornalismo Econômico, Fiat Allis (1993), Prêmio Mercosul e o Paraná, Federação das Indústrias do Estado do Paraná (1995), As mulheres pioneiras no jornalismo do Paraná, Conselho Estadual da Mulher do Paraná (1996), Mulher de Destaque, Câmara Municipal de Curitiba (1999), Reconhecimento profissional, Sindicato dos Engenheiros do Estado do Paraná (2005), Reconhecimento profissional, Rotary Club de Curitiba Gralha Azul (2005). Faz parte da publicação “Jornalistas Brasileiros – Quem é quem no Jornalismo de Economia”, livro organizado por Eduardo Ribeiro e Engel Paschoal que traz os maiores nomes do Jornalismo Econômico brasileiro.

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