Movelaria nacional assume compromisso com inovação e sustentabilidade
Cerca de 750 empresários de todo o Brasil discutem inovação e sustentabilidade na movelaria, em Curitiba. Foto de Luis Felipe Miretzki
Indústria moveleira precisa investir cada vez mais em inovação e tecnologia
Sexta maior produtora de móveis do mundo, a indústria moveleira nacional discute em Curitiba, hoje e amanhã, como se tornar mais eficiente e competitiva baseada em princípios de ESG e nos objetivos de desenvolvimento sustentável da ONU. Para inspirar empresários de todo o Brasil, reunidos para o XI Congresso Nacional Moveleiro – edição 2024, no Campus da Indústria da Federação das Indústrias do Estado do Paraná (Fiep), dois empresários gaúchos falaram sobre a tragédia climática que arrasou o Rio Grande do Sul, em maio deste ano, e o processo de reconstrução das vidas e da economia, tema principal do evento.
“O Brasil nos abraçou e o Paraná foi o estado que mais nos ajudou”, disse Euclides Longhi, diretor comercial do Grupo Multimóveis e presidente da Associação das Indústrias de Móveis do Estado do Rio Grande do Sul (Movergs). Aplaudido pelos moveleiros, ao agradecer pelo apoio, Longhi contou como a enchente castigou brutalmente a região da Serra Gaúcha e as lições que ainda estão sendo aprendidas. Já o empresário Wágner Ávila, lembrou da rápida formação de um grupo de 300 voluntários, com 32 barcos, jetskis e caminhonetes para salvar milhares de pessoas e de animais na Grande Porto Alegre. Emocionado, disse que o pai foi retirado de casa com a água pelo telhado, perdeu tudo, e hoje faz móveis com restos de madeira para pessoas carentes.
Indústria e sustentabilidade
Eventos como esse que abalaram o Rio Grande do Sul, e que se tornam cada vez mais comuns, mostram a importância de a indústria moveleira na criação de ambientes seguros, confortáveis e funcionais, que ofereçam confiança e segurança para as pessoas. “Para isso, a indústria moveleira precisa investir cada vez mais em inovação e tecnologia, crescendo de forma consistente e sustentável”, disse Irineu Munhoz, presidente da Associação Brasileira das Indústrias do Mobiliário (Abimóvel) e vice-presidente da Fiep, instituições organizadoras do congresso, que tem ainda o apoio da Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (ApexBrasil) e do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae).
Um dos principais desafios da indústria nacional, incluindo o setor moveleiro, destacou Edson Vasconcelos, presidente do Sistema Fiep, é a empregabilidade: “Precisamos crescer e gerar empregos aumentando também nossa produção e produtividade, para que a pressão salarial não exerça tensão inflacionária sobre a economia”, ressaltou. Para tanto, observou o dirigente, o país deve trabalhar para eliminar barreiras que limitam a indústria, entre elas a questão tributária, a carência de infraestrutura e o alto custo Brasil.
Vitor Tioqueta, diretor superintendente do Sebrae Paraná, lembrou que o lançamento do Prêmio Design da Movelaria Nacional, durante o congresso moveleiro, propõe o tema “Ergonomia Sensorial”, abordagem que sintetiza uma ideia de bem-estar aliada à beleza, simplicidade e conforto.
A intenção é ter um olhar da movelaria brasileira na reconstrução das vidas e da economia em regiões afetadas por catástrofes, de forma a aprofundar e traduzir em iniciativas concretas o debate levantado em Curitiba. As inscrições estão abertas até 11 de fevereiro de 2025, pelo site mkt.abimovel.com/premiodesign. Com seis categorias, o prêmio convida designers, arquitetos, estúdios de design, estudantes da área e fabricantes de móveis brasileiros de qualquer porte a repensarem soluções em mobiliário para a evolução do viver, contemplando critérios de viabilidade produtiva, econômica e ambiental. Os interessados podem inscrever projetos em mais de uma categoria.
Rodadas de Negócios
Um dos pontos altos da programação, o Projeto Comprador promove rodadas de negócios com oportunidades para os participantes estabelecerem conexões estratégicas, consolidarem parcerias e fecharem negócios. Realizadas por meio do Projeto Setorial Brazilian Furniture, iniciativa da Abimóvel em parceria com a ApexBrasil, mais de 50 indústrias de móveis brasileiras e 15 compradores internacionais estão em contato direto no Campus da Indústria do Sistema Fiep durante o evento, em um ambiente de negócios estrategicamente pensado para o networking, impulsionando o crescimento e a inovação no setor moveleiro.
Exposições
No hall do prédio principal do Campus também estão sendo realizadas exposições exclusivas de mobiliário, organizadas pela Abimóvel até o dia 10 de outubro. Um dos segmentos apresenta peças que estiveram expostas no Salão Internacional do Móvel de Milão, na Itália, por intermédio do Projeto Brazilian Furniture. A mostra traz também criações desenvolvidas por micro e pequenas empresas de móveis brasileiras que se destacaram em 11 grandes premiações internacionais, incentivando a competitividade no setor por meio do PDCIMob (Projeto de Desenvolvimento, Competitividade e Integração do Mobiliário), organizado em colaboração com o Sebrae.
Uma Casa-Conceito está instalada no evento, apresentando uma construção modular de 55 metros quadrados, com área externa, totalmente mobiliada e funcional. A AEF Construções Modulares é responsável pelo projeto – assinado pelo arquiteto Fábio Murilo Frari e o sócio, Tom Grando, biólogo e gerente da empresa.
“As ‘tiny houses’ representam uma revolução na construção civil ao redor do mundo”, explica Grando. Construídas na fábrica sobre um chassi de aço e transportadas prontas ou em módulos, elas eliminam desperdícios e reduzem drasticamente o tempo de construção em comparação com métodos tradicionais. A casa pode ser visitada até 15 de novembro.
Concurso
Nesta edição, acontece também o Concurso da Movelaria Brasileira, promovido em parceria com o Sesi. Estudantes do Colégio Sesi foram convidados a desenvolverem estratégias que contribuam para a reconstrução das vidas e da economia em regiões afetadas por catástrofes. Reunidos em grupos, eles trouxeram ideias que priorizam a responsabilidade social das indústrias moveleiras, considerando o respeito às relações da empresa/indústria em todos os âmbitos: funcionários, clientes e comunidades locais.
As estratégias também devem estar alinhadas aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) 5, 10 e 11, da Organização das Nações Unidas (ONU). Ou seja, devem promover o consumo consciente, a produção sustentável e a participação ativa da comunidade.
Os projetos serão avaliados por um júri composto por especialistas do setor levando em consideração critérios como originalidade, viabilidade técnica, impacto ambiental e social, além da capacidade de implementação. Serão selecionados 10 projetos finalistas, que serão avaliados por uma nova banca, durante o primeiro dia de Congresso. Os cinco melhores projetos terão a oportunidade de apresentar suas ideias no palco do evento, além de receberem prêmios que incluem suporte para o desenvolvimento dos projetos e mentorias.