Empresas têm até o fim de março para revisar metas do 1º trimestre e ajustar estratégias

É hora de confrontar o planejamento com os resultados e evitar que desvios no começo do ano comprometam o desempenho de 2025
Com a virada do primeiro trimestre no calendário corporativo, as empresas enfrentam um momento decisivo: avaliar se as metas traçadas em janeiro ainda estão no caminho certo ou se já demandam correção. Esse período chega ao fim em poucos dias, e o desempenho dos últimos três meses funciona como termômetro para medir a eficácia do planejamento estratégico definido no início do ano.
A análise precisa considerar não apenas se os números estão sendo atingidos, mas principalmente se os esforços operacionais estão sendo direcionados de forma eficiente e coerente com os objetivos traçados. “É comum vermos empresas começarem o ano com metas bem desenhadas, mas perderem o ritmo de execução nas primeiras semanas por falta de monitoramento e realinhamento”, afirma Lucas Codri, fundador da IZE Gestão Empresarial.
Codri, que é especialista em finanças estratégicas, alerta que o maior risco nesse período não está em ter resultados abaixo do esperado, mas em não reconhecer os desvios e seguir o ano com metas desalinhadas com a realidade. “Se a empresa não parar para fazer essa leitura agora, pode comprometer todo o desempenho de 2025”, diz.
Uma pesquisa da consultoria norte-americana ClearPoint Strategy indica que apenas 10% das marcas realizam revisões formais de suas metas no fim do primeiro trimestre — e que aquelas que o fazem têm até 30% mais chance de cumprir seus objetivos anuais. Para Lucas, a explicação está na capacidade de adaptação. “Organizações que confrontam seus resultados com os objetivos estabelecidos conseguem redirecionar estratégias, ajustar metas e corrigir falhas antes que ganhem proporção”, destaca.
Além disso, o momento exige uma leitura crítica sobre o contexto externo. Mudanças econômicas, comportamento do consumidor e concorrência podem afetar diretamente o ritmo de execução. “Um planejamento eficaz é aquele que tem margem para ajustes sem comprometer a visão de longo prazo. Revisar metas não é sinal de fraqueza, é sinal de gestão madura”, aponta Codri.
O que avaliar agora?
Codri recomenda uma revisão estruturada, com base em cinco pontos principais:
- Avaliação do desempenho real vs. planejado
Conferir os principais indicadores financeiros e operacionais é o primeiro passo. Faturamento, margem de lucro, novos clientes e produtividade devem ser comparados ao que foi projetado no plano estratégico. Uma discrepância já neste ponto pode sinalizar problemas de execução ou metas irreais. - Alinhamento com a estratégia anual
Com base em metodologias como o método SMART — que exige metas específicas, mensuráveis, alcançáveis, relevantes e com prazos definidos —, a empresa precisa avaliar se os objetivos continuam compatíveis com a estratégia traçada para 2025. “O SMART não serve apenas para criar metas, mas também para auditá-las. Ele permite verificar se a meta ainda é realista e relevante”, explica o fundador da IZE. - Segmentação de metas e análise por área
Desempenhos distintos entre áreas exigem atenção. Um time comercial que bateu a meta pode estar sendo prejudicado por gargalos no atendimento ou na entrega. Segundo Codri, a análise deve ser detalhada por equipe ou setor, para que as correções sejam pontuais e estratégicas. - Ajustes e replanejamento
Caso o diagnóstico aponte desvios relevantes, é necessário replanejar o segundo trimestre. “O erro mais comum é insistir em metas que não conversam mais com o momento da empresa. Um ajuste agora pode evitar uma frustração maior em junho”, afirma o consultor. - Monitoramento contínuo com uso de tecnologia
Para tornar o acompanhamento mais eficaz, a recomendação é adotar ferramentas de BI, dashboards integrados e rotinas de análise quinzenal ou mensal. Um levantamento da McKinsey aponta que empresas que automatizam o monitoramento de metas têm até 20% mais produtividade do que aquelas que fazem esse controle manualmente.
Metas sustentáveis e resultados reais
O alerta da consultoria é que, muitas vezes, metas são tratadas como formalidade ou obrigação gerencial, quando deveriam ser parte ativa da rotina da empresa. “Metas servem para orientar a tomada de decisão, e não para serem revisitadas apenas no fim do trimestre”, diz Codri.
“O segredo para transformar metas em resultados está na combinação entre definição inteligente, execução disciplinada e monitoramento contínuo”, conclui.